sábado, 20 de junho de 2009

Reflexões sobre pessoas e coisas...


Essas minhas inquietações a respeito do mundo muitas vezes me tiram o sono... ou me fazem refletir demais acerca do que me cerca.... e me tiram o sono....

Vejo na arqueologia, que nossas maiores preocupações, enquanto cientistas sociais, é em 'preservar o patrimônio' material. Enlouquecemos quando vemos uma tigela de barro sendo quebrada, ou quando vemos que estão construindo uma casa sobre um antigo cemitério indígena, ou que as pessoas de um lugar jogam bola sobre um terreno repleto de vasilhas de cerâmicas...

Tratamos de 'conscientizá-los' sobre a importância do patrimônio arqueológico... fazemos palestras... mostramos fotos, incentivamos à que todos guardem seus patrimônios para o futuro, que não os destruam, que não os deixem desaparecer... enfim, cumprimos nosso papel para conservar o passado, o mais intacto possivel para estudos científicos...

Mas, quem são essas pessoas que estão sobre o 'patrimônio'? Do que vivem, o que pensam realmente a respeito dessas 'coisas de índios'? O que aquilo representa para elas e como pensam sua 'preservação'?

Nós não somos os detentores de todo o saber, apenas porque a academia nos deu esse poder? Então... podemos ir lá e explicar para as pessoas o que fazer com as coisas que elas conhecem desde que nasceram.... Achamos que somos esses seres que tudo sabem...mas será que tudo sabemos mesmo?

Há de se questionar... nada sabemos.... nossa ciência é tão falha quanto qualquer saber... apenas nos autorizamos a dizer coisas sobre tudo e pensar que tudo sabemos... porque somos detentores do saber científico..

Mas, nada sabemos...

As pessoas, humildes, conhecedoras de seus espaços e de suas paisagens... das suas coisas... das suas histórias... tudo sabem... pois moram alí.. construiram a história daquele lugar.... as recriam dia a dia... e interagem com as coisas, refazendo a história, com novas casas, novos cemitérios... novos utensilios...e até jogando bola...

Precisamos nos abrir aosnovos olhares sobre as coisas... e nos preocuparmos menos em preservar o passado, mas sim em interagir com o presente e com o futuro... e lá que se encontra o verdadeiro conhecimento...

O passado... morto está....

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