Estava eu a ler um texto da Maria Stephanou, sobre os currículos de história, onde a autora ressalta as dificuldades de se mudar a forma como se ensina a história nas escolas de base.
As interpretações feitas e os recortes sobre os diferentes momentos da história humana são sempre abordagens simplistas nos livros didáticos, e assim a história chega aos estudantes - crianças e adolescentes - como uma caixa de cusriosidades ou uma miscelânea de nomes e datas para serem constantemente decorados e não compreendidos.
Mudanças ocorreram na maneira de organizar os tais livros didáticos, a hoje em dia até temos bons livros no mercado... mas a forma simplista de se apresentar a história aos estudantes permanece... mesmo com uma cara mais modernizada.
Temos hoje uma avalanche de informações chegando aos estudantes, pois com a internet o acesso a textos, imagens, noticias, e tudo o mais acaba por ser quase generalizado... o problema é que o senso interpretativo desses jovens anda muito baixo... eles lêem, mas não entendem o que lêem... não conseguem tecer um senso crítico a respeito de tantas informações.. e nem sequer entendem o que elas trazem por traz das simples palavras e imagens reproduzidas.
Essa enxurrada de imagens fortes, violentas, sanguinolentas até... faz com que muitas coisas sejam banalizadas...então, uma guerra, o genocídio de um povo, a violência nas cidades, acabam se tornando apenas imagens...como num vídeo game... não se encaixam no real.... apenas num virtual...
E aí, na escola, vemos que as aulas de história - salvo muitas e honrosas excessões - seguem naquele ritmo segmentado... onde a cronologia linear é mantida como a única via para se ensinar e aprender história.... algo distante, e desconectada do mundo em que vivem os estudantes...
A história fica no passado... e lá se congela....
Ao contrário, ela está no presente... interpretamos o mundo através do presente... deveriamos pensar a história do passado com nossos olhos do presente... conectando-nos ao mundo e ao vivido como formas para nos inserirmos nesse mundo vivido... aprendendo a interpretar esse mundo e as ações vividas... conhecendo os discursos, os saberes, construções... tudo que faz a história ser uma disciplina que estuda o passado para compreensão do presente.
Como diria Stephanou: "... seria proveitoso se o estudo da história viesse possibilitar a introdução de outras formas de raciocínio, em especial, uma outra concepção de tempo e a idéia de movimento."
Esse talvez seja o caminho... pensar que história é sinônimo de movimento... ela nunca está parada... mas sim em constante movimento, que varia em cada fase do mundo vivido... do presente de cada geração... das necessidades de cada lugar e cada povo...para com a história construir uma memória... uma identidade... uma maneira de explicar os atos humanos e suas rupturas.
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