Até semana passada sabia-se que a filha do Presidente José Sarney, Roseana Sarney Murad, era uma assessora do Senado Federal, contratada temporariamente, com prazo delimitado para deixar a função. Na última sexta-feira, porém, descobriu-se que Roseana, na verdade, pertence ao quadro dos funcionários permanentes da Casa, mesmo sem ter prestado nenhum concurso público, como exige a lei. Seu nome figura em um almanaque de funcionários do Senado, publicado apenas recentemente, ao lado de outros 59 'assessores técnicos', efetivados como empregados da Casa, desde janeiro do ano passado, com salários em média, de 25 000 cruzados. Na cidade de Praia, no Cabo Verde, onde acompanhava o presidente Sarney (veja reportagem à pag. 28), o marido de Roseana e secretário particular da Presidência, Jorge Murad, reagiu com espanto à denúncia, publicada pelo jornal Folha de São Paulo. "Nem mesmo a Roseana sabe disso", afirmou Murad.
O "trem da alegria" no qual a filha de Sarney foi embarcada, passou pelo Senado no dia 14 de janeiro de 1985. Às vésperas da reunião do Colégio Eleitoral, que escolheu Tancredo Neves para a Presidência da República, o então presidente do Senado, Moacyr Dalla, do PDS do Espírito Santo, resolveu agradar vários dos seus colegas e criou, sem concurso, 60 novas vagas, preenchidas muito mais por critérios genealógicos do que curriculares. Além de Rosena, que servia como assessora de Sarney desde 1980, foram efetivados Antônio Candido Lima Furlan, filho do senador Amaral Furlan, do PDS paulista; Magna Lúcia Gadelha, mulher do senador Marcondes Gadelha, do PFL da Paraíba; Murilo Canellas, irmão do senador Benedito Canellas, do PFL de Mato Grosso; Maria do Céu Jurema Garrido, filha do senador Aderbal Jurema, do PFL de Pernambuco; Neila Yara Michiles, filha da senadora Eunice Michiles, do PFL amazonense; e João Agripino Vasconcelos Maia, primo de José Agripino Maia, governador do Rio Grande do Norte; entre outros.
O mais interessante da história é que o ato de nomeação desses funcionários, ao contrário do que determina a legislação, não foi divulgado na época em nenhuma publicação oficial do Senado. O fato só veio a público este ano, com a publicação do almanaque de funcionários da Casa. "Tudo foi feito dentro da legalidade", afirma o senador Raimundo Parente, do PDS do Amazonas, cujo filho, Celso Parente, também entrou no Senado num trem da alegria, manobrado por Jarbas Passarinho, quando presidia a Casa.
"Essas nomeações são uma tradição do Senado", complementa Milton Cabral, senador pelo PFL paraibano. A tradição é simples: o senador chega à Casa com oito anos de mandato e filhos, noras ou genros, com uma vida pela frente. Emprega alguns deles como assessores e explica que se não pode confiar nos parentes não poderá confiar em mais ninguém. O tempo passa, e com a proximidade do fim do mandato, o Senado efetiva os interinos, tornando vitalícia as nomeações. Assim, se o senador em oito anos não consegue marcar os anais, seus parentes ficam na Casa marcando a folha de pagamento. Tramita atualmente entre os parlamentares, com aval da Comissão de Constituição e Justiça, uma resolução que, se aprovada, efetivará pelo menos mais 200 secretários particulares sem concurso. Envolvido nesse novo trem da alegria que se monta no Senado, o seu presidente, José Fragelli, acabou arrumando uma desculpa de última hora quando perguntado sobre o 'trem' do ano passado. "Eu não poderia brigar com a filha do Presidente da República", explica Fragelli. No dia em que Roseana foi nomeada, porém, seu pai era apenas o candidato a vice.
Minha cara...você nesse mundo blogosférico...
ResponderExcluirdescobri pelo "memórias do chico".
Bem, que massa!
vou adcionar a senhorita e continuar visitando é claro!
um abraço!
Alguém já disse e reforço: é hora de desenterrar os velhos botons de "Sou fiscal do Sarney". Lembram deles?
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