quinta-feira, 19 de julho de 2012

Seres humanos, esses seres difíceis


Enfim.... a vida é mesmo assim!!!!
Os seres humanos vivem a reclamar da solidão, da dificuldade de ser feliz, do trabalho estafante, de como a vida é difícil e tudo o mais.... Mas, quem torna tudo isso tão difícil?
Será que não somos nós, os próprios humanos que dificultamos tudo a nossa volta?
Parece incrível, mas quando se propõe algo pra simplificar a vida e simplesmente VIVER, as pessoas se apavoram....
Tudo tem que estar dentro das regras. Regras essas inventadas pelos próprios humanos!!!
Surreal!!!
Os relacionamentos humanos deveriam ser mais leves, mais tranquilos, mais felizes....
As pessoas deviam se amar e pronto... sem cobranças, medos, incertezas....
Porque o medo da maioria das pessoas em se relacionar com outras pessoas?
É tudo tão simples!!! Basta não dificultar as coisas pra sermos felizes.... simples assim....
Mas não.... aí não seriamos HUMANOS....malditos humanos.....
O jeito é ir levando e tentando sobreviver a esse mundo maluco.
Queria que as pessoas pudessem compreender que a coisa mais importante da vida é sermos felizes.... e sermos livres é o início dessa tal felicidade.... Então pra que prender as pessoas? Pra que cobrar delas coisas que não deviam nos importar? Por que fugir com medo dessas prisões imaginárias?
O resultado disso é que as pessoas estão vivendo cada vez mais sozinhas.... mais tristes, mais neuróticas.... e tendo mais úlceras!!!
Queria um mundo diferente.... um mundo livre... onde as pessoas pudessem amar, serem amadas, tocar e serem tocadas sem achar que estão sendo colocadas dentro de celas, algemadas ou acorrentadas...
Outro dia, conversando com um amigo, ele me fala da namorada (pelo jeito agora noiva - que palavra esquisita e carregada de uma conotação subjugadora), e me diz que agora não vai mais a festas, por que está usando uma 'correntinha', e me mostra a aliança no dedo (outro gesto estranho pra mim, e cheio de um simbolismo que vai contra tudo em que acredito.... jamais colocarei algo do tipo em meu dedo!!!)
Se a pessoa se sente acorrentada por estar ligada a alguém que ela diz que ama, eu começo a duvidar desse sentimento.... E essas pessoas que supostamente se amam deixam de sair de casa, ir a festas, andar com amigos e se divertir... Por que? Isso é no mínimo imbecil.... pois é obvio que a relação vai sofrer danos terríveis com esse tipo de atitude.... Ninguém vive sozinho e uma pessoa só nunca será tão completa pra sanar todas as necessidades de outra.... se isolar é o começo para um fim trágico em qualquer relacionamento!!!
Mais uma vez afirmo: sou muito esquisita.... não consigo entender esse mundo maluco em que vivo!
Pra mim, o amor devia começar pela liberdade.... não gosto de ficar presa e muito menos de prender outros seres vivos.....
Aceitar as coisas como as coisas são, as pessoas como as pessoas são sem tentar muda-las, ou faze-las se parecer conosco.... Pra mim isso é o que importa num relacionamento, começando pela amizade.... e se gostar, indo para outros caminhos, mas nunca, jamais suprimindo a liberdade de ninguém....

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Eu não sou mulher!!!


Pois bem, estava eu em Pelotas Town, hoje por volta do meio dia, e eis que entro num boteco pra comprar água - o calor tava de lascar e eu com sede de camelo. 
Vou até o balcão em busca de alguém que atenda minha necessidade pelo líquido sagrado e olho pra uma TV que estava ligada, onde passava uma reportagem de carnaval, já que estamos a festejar a quaresma!!!
Na tela, uma moça rebolativa se mexia mais que cobra mal matada. Portadora de um traseiro por demais avantajado, este mal coberto por um shortinho que mal e mal cobria as carnes da moça. E com o mexe e remexe todo, o dito cujo ia sendo engolido pelas polpudas nádegas enquanto a singela donzela fazia acelerados movimentos de vai e vem em direção ao chão!!!
Pedi minha água, mas não deixei de notar que no balcão se acotovelavam dois belos moçóilos, que olhavam fixamente para a tela da TV. Enquanto a moça que me atendia me entregava a garrafinha, ouvi um dos caras comentar com o amigo: 
- Isso é que é mulher!!!
Peguei minha garrafinha e fui lá pagar o moço do caixa e saciar minha sede... mas não pude sair dali sem ficar matutando naquela frase tão pouco sútil, dita pelos belos rapazes no bar.
Caramba, pensei... Aquilo é que é mulher???
Tudo bem, sou bem chegada à algumas frescurites, tipo, unhas pintadas - mesmo quando estou em campo, e pra quem não sabe a autora deste blog trabalha como arquéologa - maquiagens (amo!!!), saias, vestidinhos, saltos altos e todas as coisinhas que os homens gostam de dizer que é coisa de mulherzinha... Sim, sim... sou uma arqueólogia meio patricinha...
Mas não sou mulher!!!!
Detesto acordar cedo e tenho um humor pouco interessante pela manhã, mas se precisar salto da cama as 5h da madrugada para prospectar, escavar, limpar terreno do sítio com enxada, e todas as tarefas que envolvem minhas atividades profissionais, sem reclamar (muito) e ainda faço piada o dia todo pra descontrair, e a noite visto glamourosamente meus vestidinhos e me ponho no salto pra festear com os amigos...
Mas, não sou mulher!!!!
Adoro conversar sobre política, economia do país, música, cinema e tantas outras coisas... Curto encontrar quem discuta comigo sobre aquele cartunista italiano, que se inspirou nele mesmo pra compor um personagem fantástico... e como o traço daquele desenhista alemão é perfeito e retrata o submundo de Berlin de uma forma chocante... e nossa, e como os poemas daquele poeta uruguaio, que infelizmente faleceu ano passado, são lindos e tocantes... que alma tinha aquele homem!!!
Mas eu não sou mulher!!!
 Cumpro minhas tarefas, trabalho com competência, faço minha maquiagem em minutos - já deixei algumas amigas espantadas com a prática e a rapidez com que passo delineador nos olhos. Acredito que batom e delineador preto são itens indispensáveis na minha vida...
Mas não sou mulher!!!
Mato baratas, faço encamento hidráulico, conserto janelas e utensílios em casa, limpo a caixa de gordura quando necessário.... Tudo isso, sem descer do salto, e com muita feminilidade...
Mas, não sou mulher!!!!
Acredito que posso cuidar do meu corpo e da minha alma, juntos... Não quero ficar decrépita e desmanzelada... me amo e por isso cuido bem de mim, uso cremes pra prevenir rugas, pinto cabelo, faço ginástica.... pois quero me sentir bem, mas não quero virar um robô de plástico. Me choca ver pessoas que transformam-se em bonecas!!! Bundas grandes, seios siliconados, cabelos alisados a ferro... Um envólucro para um cérebro de ervilha... Uma embalagem bonita que envolve uma ervilha rugosa e amarela (quem lembra das aulas de genética e as tais ervilhas rugosas e lisas; amarelas ou verdes???). O que vai acontecer com a ervilha quando a embalagem se rasgar, pois embalagens não são duráveis?
Prefiro não ser 'mulher', não ser qualquer 'mulher'. 
Prefiro saber que venho fazendo jus ao empenho da espécie humana no processo evolutivo, que depois de aderir ao bipedismo, conseguiu aumentar o volume de nossa massa encefálica, a ponto de fazer crescer nossa caixa craniana, o que levou nossos filhos a nascerem prematuramente, embora junto a isso tenha-se dado inicio aos vários processos culturais que vêm a ser o princípio da diversidade humana no mundo. 
Essa massa encefálica que é capaz de raciocinar, criar, inventar, produzir, manufaturar... é o que nos faz diferentes de nossos primos símios... pois somos provenientes do mesmo tronco evolutivo. Se tomamos o mundo em nossas mãos e hoje nos consideramos os seres vivos dominantes no planeta é porque sabemos usar a massa encefálica - inclusive para dominar nossa própria espécie, infelizmente. Sejamos Homo sapiens sp... sejamos críticos... sejamos inteligentes!!!
Eu não sou mulher!!!
Eu descobri que felizmente sou um espécime raro do Homo sapiens sapiens, do gênero feminino!!!!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Sonhos de liberdade... sonhos de solidão...

Pode parecer estranho, mas quanto mais o tempo passa, mais me sinto como a Agne, a personagem que deu origem ao nome deste blog. Quando estou cercada de gente, quero estar só. Quando estou só, sinto falta de gente....
Ó mente confusa a minha!!!! Queria muito uma flor de miosótis nestas horas... olhar por infinito azul... olhar, olhar... e nunca mais voltar de lá.....
Tenho pensado, nestes dias, em como minha vida está precisando de um 'up'... não estou satisfeita - tá, sei que sou a criatura mais chata do planeta, e é dificil que eu esteja satisfeita... tô sempre buscando algo... que as vezes nem sei o que é, mas busco algo..... nunca paro... nunca consigo parar num lugar só, fazer uma única coisa, pensar uma única coisa... Talvez tenha uma mente inquieta demais!!!
Mas, em épocas festivas, como carnaval, natal, ano novo... essas coisas que as pessoas normais curtem e onde pessoas normais se divertem, me deixam deprimida. Não consigo achar graça nisto tudo, nos sorrisos, nos gestos exagerados de alegria, naquela euforia toda....acho tão patético...(talvez eu é que seja patética, pois não consigo me divertir como os outros e acho chato)
Gosto de fugir pro mato nessas épocas, ficar longe de gente, do barulho, de tudo... e ficar sozinha comigo mesma e o som de uma cachoeira derramando água....
É...não sou afeita a muitos calores... não gosto muito de gente...embora as vezes precise de um abraço... mas não digo isso pra ninguém nem sob tortura!!!!!!!!!!!!!!!
Minha liberdade requer solidão. Só me sinto realmente livre quando estou sozinha, longe do mundo....
Caramba eu sou muito esquisita!!!!!! 
Meu futuro, creio, será numa cabana, numa praia deserta, com meus cds, meus gatos e meus livros...
Isso é tudo ou encontro por aí uma flor de miosótis e piro nela até o fim dos meus dias.

domingo, 15 de janeiro de 2012

E eis que me afasto do porto.... e vejo um mar...um mar com novos horizontes

Acho que estou realmente precisando desabafar.... fazia horas que o pobre blog andava as traças, sem postagens nem atenção de minha parte. Ele, coitado, que foi criado pra me dar alento nessa ardua tarefa de escrever!!!!
Buenas, de volta a ele, o blog, mas cada vez mais afastada da história... não digo da História em si, mas da disciplina história. Sinto que meu trabalho, meus anseios, me levam pra novos horizontes... outros mares a serem navegados....
Na realidade, nunca me senti uma historiadora de verdade, sempre flertei com outas áreas da ciência desde meu ingresso no curso de história, lá pelos idos de 1997, na UFRGS. Quase me mudei pra biologia, e só não o fiz por causa do namorado.... (essas coisas do coração que levam a gente mais do que são levadas pela gente né...)
Não me arrependo, gostei do curso, dos colegas, da história... mas, mesmo lá naqueles anos... minha história era arqueologia, não era história propriamente dita... Nunca quis ser professora, ou estar numa sala de aula de uma escola... queria a pesquisa, queria o campo, e queria o embate.... 
Quando descobri o que podiamos fazer no âmbito da consultoria técnica, me apaixonei!!!! Era isso!!! Era ali que eu gostava de atuar!!! Na área de arqueologia, ou junto as comunidades, principalmente nas comunidades indígenas... amava ter de fazer laudos técnicos, ter de ir a campo, fazer as entrevistas, as etnografias, e finalmente ir ao embate em defesa dessas comunidades e do patrimônio arqueológico...
Descobri aos poucos que o que eu amava estava ligado a construção de políticas públicas, a defesa dos direitos desses povos e do nosso patrimônio material e imaterial....
Não sou boa professora. Não me sinto a vontade numa sala de aula com crianças esperando de mim o que não tenho pra dar... Mas, me sinto plenamente feliz e a vontade no campo... e também na defesa pública, nos fóruns e Ministérios Públicos, onde posso realmente falar do que entendo e do que amo fazer.....
É... mas minha tese é na História.... porém cada vez mais vejo nela tudo, menos história!!!
Estou a trabalhar com políticas públicas, documentos contemporâneos escritos pelas comunidades indígenas, legislação ambiental e direito internacional!!!! Cadê a história? Não sei!!!
Talvez a antropologia possa me dar um alento, as pinceladas de arqueologia que permeiam meus argumentos, mas história!!!! Não há. Não estou conseguindo colocar a bom termo argumentos históricos plausíveis, pois não é de meu interesse. 
O capítulo em que deveria contextualizar a história dos Guarani na região da Serra do Tabuleiro está recheada de minhas experiências etnográficas, de documentos provenientes de estudos de impacto ambiental e coisas do tipo.... 
Bem, argumento que isso também é história!!! Fazemos uma história do tempo presente aqui.... mas...
Enfim.... como desabafo.... já que escrevo sozinha, pois meu (des)orientador não existe...vou continuar neste caminho... é o que sei fazer, é o que gosto de fazer..... só acho que estou na instituição errada e no curso errado.... então veremos....
A vida é mesmo assim...

sábado, 14 de janeiro de 2012

As voltas com a 'Maledeta'....

Incrível como é possivel um assunto que tanto me agrada me dar tanta dor de cabeça. Adoro o que faço, adoro o tema em que eu trabalho, e se pudesse estaria em campo a vida inteira, junto dos Guarani.... Mas, agora, neste momento fatídico em que tenho de literalmente 'parir' a tese, me sinto esgotada e enjoada... Não tenho vontade alguma de escrever...
Sei que não é o tema, nem o trabalho de campo, nem tampouco a causa - que por esta sou capaz de enfrentar mil batalhões - mas sim a pressão e o desassosego de estar numa instituição em que meu trabalho não tem valor... Meu orientador diz não entender o que faço - e isso é um sério problema... - a instituição apenas quer algo pronto pra contabilizar em seu curriculo.... e eu me sinto sozinha!!!
Sinto não ter quem realmente compartilhe dos meus anseios, das minhas vontades, do que realmente quero dizer e fazer com esse trabalho, com toda essa pesquisa e com as análises e possibilidades que ela poderia trazer.
Não queria fazer apenas um trabalho para seguir criando pó e teias de aranha numa biblioteca acadêmica, queria algo que pudese fazer sentido e ter uso prático na causa das demandas indígenas sobre a demarcação de suas áreas territoriais... Mas, a academia espera de mim apenas mais do mesmo... e isso é tão frustrante!!!
Mas, desde minhas crises de choro, minha vontade de sumir ou desistir... eis-me aqui, escrevendo a 'maledeta'. Esse é o nome dado a porcaria da minha tese... que será apenas mais um monte de papel pra criar pó e teias de aranha numa biblioteca...
Se consigo hoje escrever a dita cuja é porque cheguei a triste conclusão de que ela não será o trabalho da minha vida, nem terá a validade esperada... simplesmente me dará a porcaria de um titulo, que por mais que eu ignore, é o que as 'personas' da academia esperam de mim...
Me pergunto: o que é ser doutora? Que diferença fará isso na minha personalidade ou nas minhas ações?
Eu respondo: No que sou hoje, nenhuma diferença, continuarei sendo eu mesma, com meus sonhos e minhas lutas ....bebendo minha cerveja e meu vinho com meus amigos e falando palavrões....
Na minha carreira? Sim, se abrirão portas... infelizmente, porque na academia, apenas os 'escolhidos' tem voz... por menos que façam... é assim que é...
Não quero e não vou deixar isso tudo me contaminar, mas sei que depois de um maldito título me olharão diferente.... não pelo que sou ou pelo que faço, mas pelo próprio título em si... apenas um papel pra mim... para eles...a imortalidade!!!
Que fútil....
Depois que toda essa pressão acabar, e que eu finalmente puder pensar como um ser humano normal, quero rever tudo que escrevi na 'maledeta', e aí sim... esboçar aquilo que acredito ser importante para a causa... para que se possa realmente usar daquilo que escrevi em prol de questões palpáveis e reais.. não para academia que espera apenas mais um texto rebuscado e cheio de firúlas inúteis....
Ando precisando mais do que nunca encontrar aquela florista na esquina e dela comprar uma Flor de Miosótis, pra olhar e olhar a beleza azul da florzinha e ver se esqueço a feiura do mundo......apenas por instantes.....