Incrível como é possivel um assunto que tanto me agrada me dar tanta dor de cabeça. Adoro o que faço, adoro o tema em que eu trabalho, e se pudesse estaria em campo a vida inteira, junto dos Guarani.... Mas, agora, neste momento fatídico em que tenho de literalmente 'parir' a tese, me sinto esgotada e enjoada... Não tenho vontade alguma de escrever...
Sei que não é o tema, nem o trabalho de campo, nem tampouco a causa - que por esta sou capaz de enfrentar mil batalhões - mas sim a pressão e o desassosego de estar numa instituição em que meu trabalho não tem valor... Meu orientador diz não entender o que faço - e isso é um sério problema... - a instituição apenas quer algo pronto pra contabilizar em seu curriculo.... e eu me sinto sozinha!!!
Sinto não ter quem realmente compartilhe dos meus anseios, das minhas vontades, do que realmente quero dizer e fazer com esse trabalho, com toda essa pesquisa e com as análises e possibilidades que ela poderia trazer.
Não queria fazer apenas um trabalho para seguir criando pó e teias de aranha numa biblioteca acadêmica, queria algo que pudese fazer sentido e ter uso prático na causa das demandas indígenas sobre a demarcação de suas áreas territoriais... Mas, a academia espera de mim apenas mais do mesmo... e isso é tão frustrante!!!
Mas, desde minhas crises de choro, minha vontade de sumir ou desistir... eis-me aqui, escrevendo a 'maledeta'. Esse é o nome dado a porcaria da minha tese... que será apenas mais um monte de papel pra criar pó e teias de aranha numa biblioteca...
Se consigo hoje escrever a dita cuja é porque cheguei a triste conclusão de que ela não será o trabalho da minha vida, nem terá a validade esperada... simplesmente me dará a porcaria de um titulo, que por mais que eu ignore, é o que as 'personas' da academia esperam de mim...
Me pergunto: o que é ser doutora? Que diferença fará isso na minha personalidade ou nas minhas ações?
Eu respondo: No que sou hoje, nenhuma diferença, continuarei sendo eu mesma, com meus sonhos e minhas lutas ....bebendo minha cerveja e meu vinho com meus amigos e falando palavrões....
Na minha carreira? Sim, se abrirão portas... infelizmente, porque na academia, apenas os 'escolhidos' tem voz... por menos que façam... é assim que é...
Não quero e não vou deixar isso tudo me contaminar, mas sei que depois de um maldito título me olharão diferente.... não pelo que sou ou pelo que faço, mas pelo próprio título em si... apenas um papel pra mim... para eles...a imortalidade!!!
Que fútil....
Depois que toda essa pressão acabar, e que eu finalmente puder pensar como um ser humano normal, quero rever tudo que escrevi na 'maledeta', e aí sim... esboçar aquilo que acredito ser importante para a causa... para que se possa realmente usar daquilo que escrevi em prol de questões palpáveis e reais.. não para academia que espera apenas mais um texto rebuscado e cheio de firúlas inúteis....
Ando precisando mais do que nunca encontrar aquela florista na esquina e dela comprar uma Flor de Miosótis, pra olhar e olhar a beleza azul da florzinha e ver se esqueço a feiura do mundo......apenas por instantes.....
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