A carta enviada ao Governo Federal pela Comissão de Direitos Humanos e demais entidades que buscam esclarecimento e justiça no que diz respeito ao paradeiro de homens e mulheres que, durante a Ditadura Militar que assolou nosso país durante as décadas de 60, 70 e 80, lutaram por liberdade, justiça social e democracia, e em vista disto foram banidos, assassinados, presos e torturados pelos mesmos órgãos de repressão Estatais que hoje estão a coordenar as buscas de seus restos mortais, não é só um apelo ao governo federal para que cumpra a Lei e permita que o GT que coordenará as pesquisas realizadas no Araguaia seja composto por equipes não militares e que trabalhem conjuntamente com os familiares dos desaparecidos, mas que este Governo tenha a descência de assumir que a justiça neste país só será feita no dia em que os arquivos desse famigerado período em que o Terror de Estado se implantou e destruiu vidas, sejam abertos.
Somente no dia em que pesquisas sérias, realizadas por pesquisadores competentes e comprometidos com uma pesquisa histórica, sejam realizadas nestes documentos, é que teremos nossa memória histórica preservada com dignidade.
Somente então estes familiares poderão reencontrar seus entes queridos e homenageá-los dignamente...
Somente então, pais e mães poderão honrar seus filhos pela bravura e coragem na luta pela liberdade, tendo seus restos mortais devolvidos ao seio familiar...
Somente então poderemos dizer NUNCA MAIS...
A atitude do Governo Federal ao encaminhar as pesquisas no Araguaia através de um GT composto e coordenado por militares é uma afronta a memória dos Guerrilheiros que lutaram e morreram buscando a democracia, exatamente por que militares usurpavam o Estado dos seus cidadãos.
Sabe-se que em países vizinhos, como a Argentina, que também sofreram as políticas de repressão de um Estado em guerra contra seus cidadãos, têm tido pesquisas arqueológicas na busca de documentos materiais que vem trazendo novas provas e evidências sobre as ações de tortura e violência que o Estado exerceu durante as Ditaduras e o regime militar. Esses materiais - além de trazer a luz os restos mortais de muitos desaparecidos e lhes devolver para suas familias - tem apontado para várias evidências que indicam as formas como esses aparatos agiam, como eram montados os esquemas de encarceramento, como se deram as torturas, não só físicas, mas psicológicas... e estes materiais tem sido transformados em objetos de memória histórica....
Centros de Memória e documentação vem sendo criados para abrigar esses vestígios do terror, para que estudos possam ser realizados e para que as futuras gerações não se esqueçam e possam impedir que no futuro coisas semelhantes tornem a acontecer....
A memória se torna falha quando se quer que ela desapareça....
Talvez este seja o maior perigo que corremos neste momento...e talvez seja esta mesma a intenção: apagar!
Enquanto militares exumam os corpos daqueles que lutaram no Araguaia... a memória deles e do nosso país está sendo apagada....
Não podemos nos calar...
Temos de exigir que este Governo, que hoje é eleito por voto popular, cumpra seu papel e retire os militares do Araguaia.
Queremos Justiça, queremos que os desaparecidos sejam encontrados e sua memória revivida e honrada...
Não que seu desaparecimento se torne irreversível!
Eu trabalho com questões relacionadas a memória, e com a oralidade, e é óbvio a dificuldade que temos para trabalhar com essa metodologia. É só ver os nossos arquivos orais - aqui em solo furguianos inexistentes - ou esculhambados ou metodologicamente terríveis.
ResponderExcluirA memória não é nada valorizada nesse país. E mais, a memória que "temos" vem sendo verticalizada, se já não o é. Essa da intervençao dos militares...puxa...é uma afronta, e só comprova a maneira como se trata a memória nesse país.
No nosso quintal chamado Rio Grande então, a coisa é pior, aqui ainda estão no nível dos grandes vultos.
abraços
Vander, um colaborador do Blog encontrou um sujeito que trabalha na prefeitura de REG que talvez te desagrade um pouco...ou um muito!
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