domingo, 12 de julho de 2009

Mais luzes sobre a obscuridade dos indivíduos coletivos


Ai, ai, ai..... cá estou novamente batendo sobre este tema....

Mas, ele tem sido minha cura e minha doença nos últimos meses....

Sei que é muito simples: somos um corpo, repleto de outros corpos...que se coadunam ou se repelem, de acordo com as formas que se manifestam...

Não... não é simples!

Mas, tento entende-los... tenho de entende-los.....

Estava lendo um texto da Paula Montero... sobre as percepções de doenças e curas na religião umbandista... ele me deu uma luz... diria até que divina...

Embora o texto seja antigo, e creio que a autora não pensava, na época, em enveredar pela antropologia simétrica, ela apresenta uma boa dose de exemplos sobre esses indivíduos coletivos, que embora sejam uma pessoa, trazem em si o cerne de várias entidades que a povoam e que se manifestam, muitas vezes criando ou atraindo 'doenças'. Os indivíduos chegam a buscar na medicina oficial alguma cura, mas se rendem ao fato de que sua 'doença' não é física, mas sim espiritual...e só um tratamento espiritual poderá colocar ordem na desordem.

Esta aí a questão... quando o indívíduo coletivo deixa que se instaure a desordem entre os seres que o povoam... este adoece, enfraquece.. pode chegar a morte... então necessita colocar seu corpo em ordem... e para isso necessita da ajuda e eficácia de um xamã, curandeiro, pastor, rezador... ou qualquer indivíduo que domine a ordem dos corpos...que domine o cerne dessa coletividade que reside no corpo. Assim se passa nas diferentes grupos humanos... nas diferentes religiões...cultos...

Essa necessidade de 'luz' que os indivíduos buscam no externo.. para organizar seu corpo interno.

Entre as diferentes sociedades ameríndias há diferentes formas de culto e práticas que servem a organização desse corpo coletivo...espiritos são muitos... corpo um só.... mas estes só existem em comunhão.... interna e externa...

As coisas são materiais... o corpo é material... por isso não adianta rezar sem manifestar materialmente a ordem. Seja através de fumaça, oriunda da queima de madeira sagrada... seja na cinzas da fogueira que aquece os corpos...seja na pedra que é retirada do corpo do paciente, quando o xamã materializa a doença... seja no lenço embebido em água santa... a água fluidificada pelo médium ingerida pelo corpo doente...

A cura é materializada através da ordem que retorna ao corpo coletivo..

Essa ordem é materializada através de objetos e coisas que conduzem a ordem...

Mas todas as coisas são antes de tudo pensadas pelos homens...e esse pensar materializa as coisas.

Será que as coisas constroem o homem ou o homem constrói as coisas? Ou vice - versa... numa dialética interminável de ações e reações entre homens e coisas...?

Entre os seres coletivos, densamente povoados... a ação concreta de objetos 'vivos', porque parte da coletividade humana, vão fazendo sua parte numa filosofia ampla... carregada de experiências vividas e não vividas... onde uma pedra pode transformar-se na doença e ser retirada do corpo, e este misteriosamente voltar a ordem... e curar-se.

Eis a luz... eis os indíviduos e suas coisas....

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