domingo, 15 de janeiro de 2012

E eis que me afasto do porto.... e vejo um mar...um mar com novos horizontes

Acho que estou realmente precisando desabafar.... fazia horas que o pobre blog andava as traças, sem postagens nem atenção de minha parte. Ele, coitado, que foi criado pra me dar alento nessa ardua tarefa de escrever!!!!
Buenas, de volta a ele, o blog, mas cada vez mais afastada da história... não digo da História em si, mas da disciplina história. Sinto que meu trabalho, meus anseios, me levam pra novos horizontes... outros mares a serem navegados....
Na realidade, nunca me senti uma historiadora de verdade, sempre flertei com outas áreas da ciência desde meu ingresso no curso de história, lá pelos idos de 1997, na UFRGS. Quase me mudei pra biologia, e só não o fiz por causa do namorado.... (essas coisas do coração que levam a gente mais do que são levadas pela gente né...)
Não me arrependo, gostei do curso, dos colegas, da história... mas, mesmo lá naqueles anos... minha história era arqueologia, não era história propriamente dita... Nunca quis ser professora, ou estar numa sala de aula de uma escola... queria a pesquisa, queria o campo, e queria o embate.... 
Quando descobri o que podiamos fazer no âmbito da consultoria técnica, me apaixonei!!!! Era isso!!! Era ali que eu gostava de atuar!!! Na área de arqueologia, ou junto as comunidades, principalmente nas comunidades indígenas... amava ter de fazer laudos técnicos, ter de ir a campo, fazer as entrevistas, as etnografias, e finalmente ir ao embate em defesa dessas comunidades e do patrimônio arqueológico...
Descobri aos poucos que o que eu amava estava ligado a construção de políticas públicas, a defesa dos direitos desses povos e do nosso patrimônio material e imaterial....
Não sou boa professora. Não me sinto a vontade numa sala de aula com crianças esperando de mim o que não tenho pra dar... Mas, me sinto plenamente feliz e a vontade no campo... e também na defesa pública, nos fóruns e Ministérios Públicos, onde posso realmente falar do que entendo e do que amo fazer.....
É... mas minha tese é na História.... porém cada vez mais vejo nela tudo, menos história!!!
Estou a trabalhar com políticas públicas, documentos contemporâneos escritos pelas comunidades indígenas, legislação ambiental e direito internacional!!!! Cadê a história? Não sei!!!
Talvez a antropologia possa me dar um alento, as pinceladas de arqueologia que permeiam meus argumentos, mas história!!!! Não há. Não estou conseguindo colocar a bom termo argumentos históricos plausíveis, pois não é de meu interesse. 
O capítulo em que deveria contextualizar a história dos Guarani na região da Serra do Tabuleiro está recheada de minhas experiências etnográficas, de documentos provenientes de estudos de impacto ambiental e coisas do tipo.... 
Bem, argumento que isso também é história!!! Fazemos uma história do tempo presente aqui.... mas...
Enfim.... como desabafo.... já que escrevo sozinha, pois meu (des)orientador não existe...vou continuar neste caminho... é o que sei fazer, é o que gosto de fazer..... só acho que estou na instituição errada e no curso errado.... então veremos....
A vida é mesmo assim...

sábado, 14 de janeiro de 2012

As voltas com a 'Maledeta'....

Incrível como é possivel um assunto que tanto me agrada me dar tanta dor de cabeça. Adoro o que faço, adoro o tema em que eu trabalho, e se pudesse estaria em campo a vida inteira, junto dos Guarani.... Mas, agora, neste momento fatídico em que tenho de literalmente 'parir' a tese, me sinto esgotada e enjoada... Não tenho vontade alguma de escrever...
Sei que não é o tema, nem o trabalho de campo, nem tampouco a causa - que por esta sou capaz de enfrentar mil batalhões - mas sim a pressão e o desassosego de estar numa instituição em que meu trabalho não tem valor... Meu orientador diz não entender o que faço - e isso é um sério problema... - a instituição apenas quer algo pronto pra contabilizar em seu curriculo.... e eu me sinto sozinha!!!
Sinto não ter quem realmente compartilhe dos meus anseios, das minhas vontades, do que realmente quero dizer e fazer com esse trabalho, com toda essa pesquisa e com as análises e possibilidades que ela poderia trazer.
Não queria fazer apenas um trabalho para seguir criando pó e teias de aranha numa biblioteca acadêmica, queria algo que pudese fazer sentido e ter uso prático na causa das demandas indígenas sobre a demarcação de suas áreas territoriais... Mas, a academia espera de mim apenas mais do mesmo... e isso é tão frustrante!!!
Mas, desde minhas crises de choro, minha vontade de sumir ou desistir... eis-me aqui, escrevendo a 'maledeta'. Esse é o nome dado a porcaria da minha tese... que será apenas mais um monte de papel pra criar pó e teias de aranha numa biblioteca...
Se consigo hoje escrever a dita cuja é porque cheguei a triste conclusão de que ela não será o trabalho da minha vida, nem terá a validade esperada... simplesmente me dará a porcaria de um titulo, que por mais que eu ignore, é o que as 'personas' da academia esperam de mim...
Me pergunto: o que é ser doutora? Que diferença fará isso na minha personalidade ou nas minhas ações?
Eu respondo: No que sou hoje, nenhuma diferença, continuarei sendo eu mesma, com meus sonhos e minhas lutas ....bebendo minha cerveja e meu vinho com meus amigos e falando palavrões....
Na minha carreira? Sim, se abrirão portas... infelizmente, porque na academia, apenas os 'escolhidos' tem voz... por menos que façam... é assim que é...
Não quero e não vou deixar isso tudo me contaminar, mas sei que depois de um maldito título me olharão diferente.... não pelo que sou ou pelo que faço, mas pelo próprio título em si... apenas um papel pra mim... para eles...a imortalidade!!!
Que fútil....
Depois que toda essa pressão acabar, e que eu finalmente puder pensar como um ser humano normal, quero rever tudo que escrevi na 'maledeta', e aí sim... esboçar aquilo que acredito ser importante para a causa... para que se possa realmente usar daquilo que escrevi em prol de questões palpáveis e reais.. não para academia que espera apenas mais um texto rebuscado e cheio de firúlas inúteis....
Ando precisando mais do que nunca encontrar aquela florista na esquina e dela comprar uma Flor de Miosótis, pra olhar e olhar a beleza azul da florzinha e ver se esqueço a feiura do mundo......apenas por instantes.....